Aproveitando o clima de final de ânus vamos rever as histórias enviadas pela galera no maior estilo "vale a pena ler de novo", fiquem agora com um conto de natal escrito pelo Alceu F. Leia preferencialmente enquanto degusta um fondue de chocolate.
Hemorroidas. Se você ainda não tem, comece a rezar, pois metade da população vai ter. Principalmente quem sofre de prisão de ventre, como eu. Você pode até perguntar: “Ah, mas é tão ruim assim?” ou “Não é só um ardidinho no cu?” ou ainda “Dói mesmo?”. Sim, amigo. Dói PACARALÉO. E, além da dor, há vários outros motivos para você não querer ter hemorroidas, quando fui ao médico clínico geral, por exemplo, ele me recomendo ir ao proctologista.
Proctologista do Ao seu - F |
Esse rapaz também passou a juventude enfiando o dedo no buraquinho. |
Essa safra foi uma merda... literalmente. |
E as crises se tornaram mais comuns, até que chegou um momento em que a “bolinha” não reduziu mais, então eu tive que ir ao médico, no primeiro que eu fui, um bambambam daqui de Curitiba, o cara deu uma olhada e disse: “Você está com um probleminha na entrada do seu ânus”. Eu falei: “Só se for na entrada do seu, porque no meu só tem saída!”. Seguindo em frente, o filho da puta me fez dois procedimentos:
Entrada do ânus do Alceu F. |
2- Ligadura Elástica: este procedimento estrangula a hemorroida dentro do reto com um elástico, formando uma “bexiguinha”, interrompendo na sua base a corrente sanguínea. Assim, a lesão permanece ali, como uma bexiguinha cheia de sangue, até necrosar e cair. Beleza, né? SÓ QUE NÃO! O carcará, sem perguntar e nem avisar quanto ao suplício que eu ia passar nos próximos dias, aplicou seu conhecimento efetuando esta maldita técnica. A bexiguinha fica ali, como um corpo estranho (e, principalmente, como um cocô) encostando nas paredes do reto. Elas têm sensibilidade, e quando o cocô está ali a estimulá-las nós sentimos o quê? Isso mesmo. Vontade de cagar. SÓ QUE ALI NÃO TINHA COCÔ PARA CAGAR! SÓ A FILHADUMAÉGUA DA BEXIGUINHA! Eu ficava suando frio sentindo que a merda tava pronta para explodir, mas aquilo era uma SENSAÇÃO FALSA. Isto tem até um nome: “tenesmo”.
C A R A , Q U E D E S E S P E R O !
Bexiguinha... Imagem meramente ilustrativa! |
Fui aguentando até onde deu, mas eu sabia que um dia teria de procurar um (outro, né?) médico. Quando o troço apertou eu tive que ir, e o médico era bem melhor, mas sugeriu um procedimento bem mais invasivo: hemorroidectomia. Conhecido vulgarmente como “operar as hemorroidas”. Aí você me diz: “Ah, mas daí tranquilo, né?”. Tranquilo é teu cu em forma de flor.
Lembro-me bem das palavras do sábio cirurgião: “Eu não vou mentir para você. Dói, e dói muito”. E ainda orientou: “Após a cirurgia, quando você for evacuar pela primeira vez, deixe a porta do banheiro aberta, porque você provavelmente irá desmaiar” (ainda dá tempo de fugir?).
Foram 14 dias de dor. Nos primeiros 4 dias, a dor era absolutamente insuportável. Não havia posição que a aliviasse, e não havia como dormir, dava no máximo para tirar uma cochiladas, mas as dores interrompiam o sono. Depois, nos outros 10 dias, a dor era somente horrível, mas já dava para dormir um pouco. Além disso, eu tinha que usar um absorvente gigante. Eu me sentia um verdadeiro chimpanzé de fralda.
Qualquer semelhança é mera coincidência |
Uma iguaria produzida pelo Alceu F. |
No 15º dia a dor passou como num passe de mágica. Não havia mais nada, e o melhor, dava para cagar à vontade. A vida podia continuar e a cabeça agora tinha tempo para começar a pensar em outras coisas que não dor no cu. Porém, paralelamente, a cabeça agora tinha tempo também para pensar no que eu tinha passado. E a imagem que se formava não era nada agradável. Um cara grande, alto, gordo e branquelo, deitado de barriga para cima na mesa cirúrgica, como um presunto esperando para ser fatiado na mercearia. E as pernas. Amigo, as pernas ficam para cima, sabe Deus como. Então a imagem ficava mais completa: um cara grande, alto, gordo e branquelo, deitado de barriga para cima na mesa cirúrgica, como um presunto esperando para ser fatiado na mercearia, e com as pernas amarradas no teto. Ah, mas isso não é tudo, não. Porque eu estava com o cu sangrando. Assim, a imagem ficava ainda mais completa: um cara grande, alto, gordo e branquelo, deitado de barriga para cima na mesa cirúrgica, como um presunto esperando para ser fatiado na mercearia, com as pernas amarradas no teto, e com o cu jorrando sangue. Consegue imaginar uma imagem mais deprimente? É, meu caro leitor, mas a imagem ainda não estava completa...
Durante uma consulta de retorno, apenas para dar uma pequena espiada na minha arruela, o médico me contou, como se fosse a coisa mais normal e corriqueira do mundo: “Você evacuou durante a cirurgia.”
Tá bom. Muito obrigado senhor doutor.
Eu não disse que este médico era bem melhor?
Por: Alceu F.
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