segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Navegante


"7 de setembro de 2015,


ando preocupado com a tripulação, não vi ninguém hoje, parece que todos sumiram. O velho McIntosh, que andava muito doente, não apareceu para limpar o convés hoje, algo que faz todos os dias, chova ou faça sol. Seu sobrinho, um tal que se acha dono da verdade e que sempre enaltece o tio, deve estar dormindo, aquele bon vivant duma figa.

Meu segundo imediato, um italiano expert em tubulações, não escuto suas gargalhadas exageradas e nem os urros de raiva das vítimas de suas grosseiras jocosidades. O mesmo digo do afeminado loiro de algum país distante que incansavelmente insiste em ser visto por todo o navio.


Tive notícias de um marujo intransigente dono de um pequeno barco navegador de águas traiçoeiras, cujo comportamento carece de disciplina, teve de sair às pressas no último ancoradouro para se aventurar em outros mares, mas sei que volta.

O dentista da embarcação não vejo mais, deve ter se engraçado com alguma moçoila em terra e imagino que o embarcaremos aleatoriamente algum dia desses, passarei o fio dental todos os dias como manda o figurino, escorbuto em meu navio, jamais!

O forte marujo cuja epiderme sofre de uma doença de pigmentação clorofílica fora visto a última vez em estado de angústia profunda, pois o projetor da embarcação se encontra quebrado, impedindo com que seu favorito passatempo não possa ser executado. Deve estar dormindo em depressão em algum monte de cordas no porão.

Legionário aventureiro, que desistiu de navegar conosco, irá para a Ásia, em busca de novos horizontes e talvez negocie especiarias, assim como fez o marujo que sempre caía, mas para águas Jamaicanas.

Fico aqui então, solitário e navegando, mantendo o curso da embarcação rumo ao horizonte, acompanhado sempre, por uma bela garrafa de rum."





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