sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Volta ao mundo em 80 litros


Antes de mais nada, essa historia é de um amigo de um amigo meu (do Thunder), eu jamais faria tais coisas, vou narrar em primeira pessoa apenas por comodidade se é que vocês me entendem.



Típico estudante da USP
Fiz geografia na USP, famoso reduto de maloqueiros e drogados que representam boa parte do futuro deste pais, felizmente claro! Íamos a muitos encontros de geografia pelo país, e sempre alguém era da região, então íamos muito bem informados e tudo era muito fácil.
Surgiu no entanto, um encontro de 5 dias em Rio Branco: "Quem diabos conhece o Acre?"

Imagem atual do Acre
A resposta era óbvia: ninguém sabia de nada! Esse foi o início do fim. Armou-se um operação de guerra, todos estava preocupados onde iriam comprar maconha, LSD, cocaína, tarjas pretas entre outros! Não sabíamos nem se tinha farmácia para comprar uma benzina.
Fomos acumulando entorpecentes nas semanas antes da viagem, todos começaram a se comunicar para formar um estoque de emergência e foi exatamente isto que aconteceu.


"É só bagagem seu guarda"
Eram quilos de drogas. Só um levou maconha em um volume semelhante a um melão. Vi pilhas de pó, cartelas inteiras de ácido, garrafas de chá de cogumelo. A única coisa que passava pela minha cabeça era: "essa vai ser uma grande viagem"!

A Grande Jornada
Chegado o fatídico dia, subimos no ônibus e começamos a viagem (literalmente também).
Antes de sairmos de Sampa eu já tinha visto maconha para deixar o Bob Marley de cabelo liso, tarjas pretas para derrubar uma manada de elefantes, ácido e chá suficientes para abastecer meio Woodstock e cocaína para deixar o Maradona mais louco que o Bozo!
Assim prosseguiu a viagem: surgiam baseados do além, carreiras expressas e para matar a sede, nada melhor que um gole de chá de cogumelo. Os comprimidos vinham em um saco todos misturados, era o comprimido que te escolhia. Gardenal, Tegretol, Fluorexitina, anfetaminas e êxtase a vontade.
Me contaram que passamos por Minas Gerais, nem vi!
Goiás? Pfffff passou na velocidade da luz.
Perdi completamente a noção do tempo, não sabia se estava acordado dias ou horas!



O problema chegou no meio da viagem, Mato Grosso, não havia mais nada no ônibus.. nada absolutamente...

Cabou-se tudo

Consumimos as drogas e bebidas de 5 dias em menos de 24h. Foi muito impressionante, até o motorista estava chapado.
Mal conseguia andar, gente pelada de ambos os sexos fazia bunda lêlê e pintocóptero toda vez que o ônibus era ultrapassado.
 
Já o motorista manjava das Zoeyra sem perder a pose...
Mas um problema começou a aparecer: a falta de entorpecentes estava deixando a galera mais louca e a coisa começou a ficar séria.
A sede era avassaladora. Não levamos água e o refrigerante tinha sido consumido com pinga.
Estávamos em uma reta sem fim. Soja à direita, soja à esquerda. Perguntávamos ao motorista onde íamos parar e ele estava tão emaconhado que só ria.
Era o apocalipse. A alegria virou uma sessão de gemidos e lamentos de uma desintoxicação cavalar! Mas quando, de repente, uma esperança se abateu sobre nós quando percebemos que o ônibus estava parando, ALELUIA SENHOR!

HA-LELLU-JAH!
Estávamos espalhados pelo ônibus e fomos levantando lentamente. Quando olhamos pela janela, lá estava ela: a discórdia, um posto de gasolina no meio do nada que NÃO tinha uma loja/bar/restaurante/conveniência.
Desci do ônibus para compra água, mas tinha apenas um freezer com refrigerante e uns salgadinhos. Estou pegando o dinheiro e escuto uma gritaria, e quando olho para trás, vejo um amigo carregando todas as esperanças de nossa trupe. Corria como se tivesse a tocha olímpica em mãos. Mesmo de cuecas, sua elegância foi de embasbacar e em suas mão a vitória: UMA GRANDE LATA DE PÊSSEGO EM CALDA!

Elegância - Deeeeez
A lata não continha pêssegos. Já sabia pois havíamos tínhamos devorado na larica, mas entendi e corri ao encontro daquele desinibido hominídeo de cueca como cena da Lagoa Azul. Larguei os salgadinhos para trás e sincronizadamente chegamos juntos ao frentista, estendemos os braços e falamos uníssono, como se tivéssemos corrido a São Silvestre:
"Moço, completa por favor!"
Aditivada....
Foi uma explosão de alegria. A vida havia voltado para o nosso ônibus.
Todos desceram com restos de refrigerante quente e coisas similares para o preparo do coquetel.
Voltamos a sorrir, mesmo quando descobrimos uma cidadezinha a menos de 30 minutos. Já havíamos tomado litros de álcool da bomba e nossa felicidade não se abalava, sabíamos que estávamos a beira do precipício e aquele álcool da bomba havia nos salvado.
Reabastecidos na cidadezinha (que deve ter pedido uma carreta de 51 no dia seguinte), seguimos a viagem rumo ao Acre.
A cidadezinha teve de ser reabastecida de cachaça no dia seguinte....


Muitas outras histórias aconteceram, mas o posto e a cena do indivíduo correndo de cueca com a lata em mãos, nunca sairá de nossos corações!
 

                                                                                                                                            Por: Thunder

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