segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Hemorroidas


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Hemorroidas. Se você ainda não tem, comece a rezar, pois metade da população vai ter. Principalmente quem sofre de prisão de ventre, como eu. Você pode até perguntar: “Ah, mas é tão ruim assim?” ou “Não é só um ardidinho no cu?” ou ainda “Dói mesmo?”. Sim, amigo. Dói pacaráleou.

E, além da dor, há vários outros motivos para você não querer ter hemorroidas, quando fui ao médico clínico geral, por exemplo, ele me recomendo ir ao proctologista.

Proctologista do Ao seu - F
Mas não foi só isso, ele também me explicou que aquela “bolinha” que sai do fiantã não pode ficar lá pois é justamente ela que pode infeccionar. “Não pode ficar lá”. Já imaginou, né? Resultado: passei grande parte da juventude enfiando o dedo no cu toda vez que tomava banho só de medo de ir ao dito fiofó-logista.
Esse rapaz também passou a juventude enfiando o dedo no buraquinho.
E a “bolinha” ainda traz outro inconveniente, que foi, na verdade, o que me fez perceber sua presença em primeiro lugar: ela faz a entrega do pacote ser desviada de sua rota. E aí já sabe, né? Uma nádega limpa, e a outra, nem tanto. Outra coisa “interessante” da hemorroida é o poder de transformar água em vinho, é que o treco sangra muito, quando a água é misturada ao sangue, fica com aparência de vinho tinto, muito embora eu não tenha tido coragem de conferir o sabor...

Essa safra foi uma merda... literalmente.
Durante um bom tempo tudo o que eu percebia era aquela coisa, a dificuldade em cagar e o vinho tinto. Até que, numa bela noite, eu estava dormindo quando, no meio da madrugada, acordei num pulo soltando um berro: “PUTAQUEPARIUQUEMTAMECOMENDO?!”. Cara, que dor. Não, sério. Eu tinha certeza que o fiorino ia explodir, a dor até que passou logo, mas o trauma ficou, durante algum tempo, de vez em quando eu tinha uma crise, às vezes exatamente quando tentava segurar um peido. Sabe quando vem e você não pode peidar porque está conversando com alguém? “Segura! Segura! Segura!” e... Tóim! Aí em vez de peidar eu suava frio...
E as crises se tornaram mais comuns, até que chegou um momento em que a “bolinha” não reduziu mais, então eu tive que ir ao médico, no primeiro que eu fui, um bambambam daqui de Curitiba, o cara deu uma olhada e disse: “Você está com um probleminha na entrada do seu ânus”. Eu falei: “Só se for na entrada do seu, porque no meu só tem saída!”. Seguindo em frente, o filho da puta me fez dois procedimentos:
Entrada do ânus do Alceu F.
1- Retossigmoidoscopia: você deita de ladinho e o cara enfia um negócio no seu rabo que eu poderia jurar que era uma berinjela. Como se não bastasse, ele injeta ar, muito ar, no seu rectum e você vira um balão. Olhei pro meu pinto e ele não estava murcho. Não senhor. Ele simplesmente tinha sumido! Na verdade ele tinha invaginado. Um novo orifício havia se formado onde havia um sem-sorte.

2- Ligadura Elástica: este procedimento estrangula a hemorroida dentro do reto com um elástico, formando uma “bexiguinha”, interrompendo na sua base a corrente sanguínea. Assim, a lesão permanece ali, como uma bexiguinha cheia de sangue, até necrosar e cair. Beleza, né? SÓ QUE NÃO! O carcará, sem perguntar e nem avisar quanto ao suplício que eu ia passar nos próximos dias, aplicou seu conhecimento efetuando esta maldita técnica. A bexiguinha fica ali, como um corpo estranho (e, principalmente, como um cocô) encostando nas paredes do reto. Elas têm sensibilidade, e quando o cocô está ali a estimulá-las nós sentimos o quê? Isso mesmo. Vontade de cagar. SÓ QUE ALI NÃO TINHA COCÔ PARA CAGAR! SÓ A FILHADUMAÉGUA DA BEXIGUINHA! Eu ficava suando frio sentindo que a merda tava pronta para explodir, mas aquilo era uma SENSAÇÃO FALSA. Isto tem até um nome: “tenesmo”.

C A R A ,  Q U E  D E S E S P E R O !

Bexiguinha... Imagem meramente ilustrativa!
Cheguei a ficar horas deitado no chão do banheiro, procurando algum conforto psicológico para o meu miserê. Passei dois dias suando frio. Mas passou. Que ótimo né? ÓTIMO O CARALHO! Não demorou nem dois meses para o treco voltar, e do mesmo jeito que antes.
Fui aguentando até onde deu, mas eu sabia que um dia teria de procurar um (outro, né?) médico. Quando o troço apertou eu tive que ir, e o médico era bem melhor, mas sugeriu um procedimento bem mais invasivo: hemorroidectomia. Conhecido vulgarmente como “operar as hemorroidas”. Aí você me diz: “Ah, mas daí tranquilo, né?”. Tranquilo é teu cu em forma de flor.
Lembro-me bem das palavras do sábio cirurgião: “Eu não vou mentir para você. Dói, e dói muito”. E ainda orientou: “Após a cirurgia, quando você for evacuar pela primeira vez, deixe a porta do banheiro aberta, porque você provavelmente irá desmaiar” (ainda dá tempo de fugir?).
Foram 14 dias de dor. Nos primeiros 4 dias, a dor era absolutamente insuportável. Não havia posição que a aliviasse, e não havia como dormir, dava no máximo para tirar uma cochiladas, mas as dores interrompiam o sono. Depois, nos outros 10 dias, a dor era somente horrível, mas já dava para dormir um pouco. Além disso, eu tinha que usar um absorvente gigante. Eu me sentia um verdadeiro chimpanzé de fralda.
Qualquer semelhança é mera coincidência
E a primeira vez que caguei? Sim, não teve jeito. A gente tem que evacuar, né? Não desmaiei, mas a sensação era de que estava cagando uma jaca. Uma enorme e espinhenta jaca. “Meu Deus!” eu pensei. “Eu devo ter cagado um tijolo!”. Mas não. Aquilo que estava na privada mais parecia macarrão cabelo-de-anjo. Aí sim eu tive vontade de desmaiar.
Uma iguaria produzida pelo Alceu F.
No 15º dia a dor passou como num passe de mágica. Não havia mais nada, e o melhor, dava para cagar à vontade. A vida podia continuar e a cabeça agora tinha tempo para começar a pensar em outras coisas que não dor no cu. Porém, paralelamente, a cabeça agora tinha tempo também para pensar no que eu tinha passado. E a imagem que se formava não era nada agradável. Um cara grande, alto, gordo e branquelo, deitado de barriga para cima na mesa cirúrgica, como um presunto esperando para ser fatiado na mercearia. E as pernas. Amigo, as pernas ficam para cima, sabe Deus como. Então a imagem ficava mais completa: um cara grande, alto, gordo e branquelo, deitado de barriga para cima na mesa cirúrgica, como um presunto esperando para ser fatiado na mercearia, e com as pernas amarradas no teto. Ah, mas isso não é tudo, não. Porque eu estava com o cu sangrando. Assim, a imagem ficava ainda mais completa: um cara grande, alto, gordo e branquelo, deitado de barriga para cima na mesa cirúrgica, como um presunto esperando para ser fatiado na mercearia, com as pernas amarradas no teto, e com o cu jorrando sangue. Consegue imaginar uma imagem mais deprimente? É, meu caro leitor, mas a imagem ainda não estava completa...
Durante uma consulta de retorno, apenas para dar uma pequena espiada na minha arruela, o médico me contou, como se fosse a coisa mais normal e corriqueira do mundo: “Você evacuou durante a cirurgia.”
Tá bom. Muito obrigado senhor doutor.
Eu não disse que este médico era bem melhor?

Por: Alceu F.

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