Ferrenho defensor dos bloqueadores de anúncios, me surpreendi com
Sempre odiei propaganda. Desde anúncios na TV a banners na Internet. Eis que pelo advento dos bloqueadores este fardo fora um pouco aliviado. Mas até nesses softwares descobrimos que existem brechas e anúncios "permitidos" (pagando, até tatuagem na cara fazem).
Uso três plugins só pra não "correr riscos" de ver alguma propaganda (muitas vezes tenho de habilitar alguns scripts, pois foram bloqueados e realmente são parte do site), mesmo assim esses dias vi propaganda no YouTube. Há anos que não via uma e até já havia esquecido.
Trabalho com propaganda subjetiva e é meu ganha-pão. Parece hipócrita, mas tenho um filtro tão seletivo desde pequeno que raramente assistia televisão, por causa das propagandas. O mesmo aconteceu com o rádio (e completa falta de músicas).
Meu alívio é a Internet por ter parado há quase dez anos de ver TV por conta própria, e ter o poder de consumir o que eu quiser e como eu quiser, sem ter de me tornar um consumidor para um produto. Aí que toda essa bloqueação de Ads começou...
Serviços apenas pra me atazanar... |
Bem, um dia desses resolvi verificar se o South Park havia começado novamente e agradavelmente me deliciei com um Lymdo Torresmo™ no Kickass....
A temporada começa dizendo que a cidade precisava de um renascimento, um marco, uma mudança. Aí que têm a idéia de pedirem uma loja da Whole Foods (um mercado bem bicha de produtos saudáveis hipsters) por lá.
Não confie num mercado que não vende Coca-Cola. Nunca. |
Porém, haviam condições para que instalassem o mercado lá: a cidade tinha de ter um conteúdo e vida cultural ativa. Eis que resolvem transformar o bairro pobre (o envolto da casa do Kenny) em um bairro chique e hipster, cheio de restaurantes badalados, boates e um condomínio no quintal da família, o SodoSopa (South of Downtown South Park).
Nesse meio tempo, além do Mr. Garrison (professor de escola) se tornar uma caricatura impagável do Donald Trump, a escola primária transforma-se num hipócrita poço do politicamente correto nas mãos de um diretor bully de uma fraternidade retardada. Esta mesma que acaba por aceitar alguns personagens conhecidos da cidade, transformando-os em panacas bullies e "corretos".
Já dava pra imaginar quem seria o primeiro a rodar... |
Os cidadãos de South Park já estavam consumindo cerveja sem glúten (de outra temporada), agora se deslumbram com uma taça de shiraz em algum "Boteco cheio de hype" pelo efervescente centro cultural da cidade. Os hábitos se padronizam e todos se encontram no Whole Foods, uma afirmação que "a vida está sempre ótima", idêntico ao Facebook.
Uma influência maligna se instala sorrateiramente.
O alcoolismo social. That`s fancy! |
Como sempre todos os detalhes, mínimos que sejam, são uma tiração de sarro enorme da sociedade americana atual, e geniais.
No episódio que citei no começo, é explicado que com os bloqueadores de anúncios, a propaganda foi obrigada a cada vez mais se adaptar a quem a vê, utilizando inteligência artificial até ao ápice de ganhar vida própria. Essa será a provável conclusão das mudanças bruscas e afrescalhação sem motivo dos cidadãos.
The Living Ad. |
Mas parece que o pior está por vir.... |
Esse é o ponto que quis chegar. A propaganda sempre mudou os hábitos das pessoas e sempre o fará, mas numa sociedade extremamente consumista onde que o possuir bens vale mais do que ser alguém, o exagero é descarado e é onde as técnicas são mais efetivas, integrando-se à cultura.
Como o exemplo do Superbowl, onde as propagandas parecem ser o ponto alto do um jogo, não o esporte em si.
Realmente voltei a ver propagandas em todos os lugares, às vezes sem sucesso em bloqueá-las. Estariam os softwares de bloqueio se vendendo como fez o AdBlock? A mídia reagindo por causa da liberdade de conteúdo que a Internet nos oferece, transformando novamente milhões de pessoas que começaram a ter hábitos de consumo mais inteligentes pela falta de propaganda.
Claro que não parece justo com quem precisa do dinheiro dos anúncios num site, principalmente para mantê-lo em um bom servidor e pagar seu domínio (fora horas de trabalho, luz, equipamento), mas é minha escolha não fazê-lo, pois é uma ideologia muito pessoal e não vou trair a mim mesmo apoiando a ação.
Não quero ser o produto que Google e cia. nos vê como.
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