Indo pra lugar mais pro interior, uma vez há uns anos, comi "aquela" galinha. Aquela comidinha gordurosa e saborosa de interior.
Achei
que se mal fizesse na mesma noite ou no dia seguinte, o demônio me
visitaria, mas seria rápido e ligeiro. Ahãm... pra quê???? Foram os mais
longos 4 dias sem cagar da minha vida.
Me lembrava dos congestionamentos
de São Paulo que via pela televisão sempre que se mostrava a cidade. Aliás, no Rio geralmente é tiro/tráfico/ônibus queimado e morte.... mas
voltando a curta história de meus longos dias de sofrimento ...
Lá
estava eu, nos que foram os dias mais longos de minha vida,
mais ainda que na semana quando ouvi a quase afirmação de fim do mundo
da frase "acho que tô grávida".
A
cada acelerada na marcha lesma do expresso bosta no intestino sem fim,
já mais parecendo encomenda vindo do exterior pro Brasil e do Brasil
pelos correios pra algum lugar próximo da Terra do Nunca, após algum
passeio mais longo que de qualquer turista viajando pelo país e depois
minha humilde residência, totalmente angustiado.
Lá
estava eu, aflito, pensando em beber laxante da boca da
garrafa, em suicídio moral de minha nobre consciência de macho (aham...) em pensar
até em supositório, ou até em engolir alguns pra evitar minha emasculação e até agilizar o efeito. Até em pensar em fazer um shake com
Activia de ameixa.
Lá estava eu, e o efeito
esquisito de ter algo dentro de mim que parecia a cruza de um paralelepípedo com
uma tartaruga, tamanho era o medo do tamanho do tijolo que ironicamente
não queria atravessar a minúscula válvula de escape de minha panela de
pressão.
Nestes quatro dias até
tive pena da galinha, que com diminuta ferramenta de trabalho, tinha
quase (exatamente) um parto ao cuspir o ovo frito nosso de cada dia.
Já
pensando no sufoco da cobra pra cagar a carcaça de antílope que ela
havia engolido, e a puta da galinha eu não havia comido inteira pra
tamanha agonia.
Estava achando
que tinham temperado a galinha com Cimentcola Quartzolit.
Ao
fim do quarto dia já nem lembrava se era o quarto, se era o quinto dia. Só
tinha esperança de manter o cú no lugar pra parir o tijolo, ou não
perder as pregas pra instrumentos cirúrgicos em um centro hospitalar.
Pra
minha salvação não saiu quele tijolo seco da gruta perdida no Nuncaseviuquistão.
Mas ao parir aquele submarino, após um tempo e
esforço tremendo e quase que literalmente empurrar o trem até o fim dos
trilhos pra chegar na estação brioco, já pensava que aquela devia ser
uma galinha preta, que fugiu da macumba, que pulou a cerca pro terreno da
boa velhinha e conjurou uma puta de uma maldição antes de ser decapitada
pra virar a alegria da família naquele almoço de fim de semana. A
maldição rogada por esta quenga devia ser "sentir o que era o trabalho
de fazer, sentir e parir um ovo", ou o dia a dia da galinha.
Maldita seja aquela galinha, até hoje me vingo comendo suas primas...
Nem
no dia em que comi pimenta velha,
ou no dia que exagerei no composto e fui pro vaso pensando em lançamento
de foguete da Nasa, sofri tanta angústia. Nunca fiquei tão ansioso em
cagar ou até me cagar todo pra me livrar daquele troço, daquele demônio,
daquele encosto, que pra piorar tava encostado em algum km do meu
intestino em vez de seguir viagem.
Depois
dessa cagada, foi embora a angústia, o peso na consciência. Aliviou até
a alma.
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